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Embora de conteúdo jurídico, este blog tem a pretensão de abrir o debate sobre questões relacionadas à família, aos relacionamentos, em qualquer de suas configurações, e, para isso, quero contar com a participação de todos, independentemente de arte, ofício ou profissão; ideologias ou credos; afinal, é do diálogo plural e democrático que nascem as idéias e valores que, de alguma maneira, hão de dar os contornos à sociedade que desejamos.

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terça-feira, 18 de maio de 2010

Amores líquidos



Hoje, fiz um atendimento que, a julgar pelo seu conteúdo, nada tem de novo, mas, continua a me pasmar. Não entendo que, apesar de tanto progresso em tantas áreas do conhecimento, regridamos tão severamente quando o assunto é a afetividade, o casamento e suas implicações.

Por conta de uma cultura absurdamente incoerente, somos forçados a admitir os chamados amores fluidos (Bauman), somos obrigados a aceitar que casamentos se desfaçam com a facilidade com que se desfaz um desentendimento de trânsito, de fila de banco. É preciso recobrar o valor do casamento. É preciso ensinar ou aprender que casamento é, sempre, processo, obra em contínua construção. É preciso que nossas novas gerações compreendam que casamento dá trabalho e que esse trabalho vale à pena. É preciso que nossas novas gerações compreendam que casamento não é final feliz de um namoro, mas, o início de uma relação verdadeira, real, que exige muita compreensão, capacidade de diálogo, cumplicidade, tolerância, adequação, enfim, que é a partir do casamento que a vida real começa, que os problemas surgem e tem que ser superados pelo entendimento tolerante e capaz de resolver diferenças.

Quem ensina assim? Nas manifestações da arte, observa-se a cultura dos amores e prazeres fluidos, da intolerância imediata às contrariedades, da troca rápida daquilo de já não dá prazer, enfim, o que podemos esperar dessa geração educada para o egoísmo e o hedonismo?

A todos, independentemente de suas artes, ofícios e profissões, deixo o apelo para que contribuam para a desconstrução desse mito cultural destinatário de todos os prazeres e nenhuma obrigação.

Estejam certos, teremos filhos felizes e uma sociedade mais equilibrada.

RMG

Recomendo: Amor Líquido - Zygmunt Bauman

4 comentários:

  1. O casamento não é um fim, o casamento não é um meio, o casamento é apenas um dos muitos caminhos possíveis para um relacionamento adulto e maduro.

    Como você bem disse, o casamento não é o final, nem tampouco deve ser meta, especialmente das mulheres, que por pressão da sociedade, sentem-se "menos" se não se casarem: "antes separada que solteira". Nesse molde, cabe qualquer um.

    Se pensarmos que cada ser é único, se deixarmos de tentar encaixar pessoas em modelos e sonhos individuais, sendo que uma relação deve ser sempre pensada a dois, talvez diminuíssem os conflitos.

    Acredito que não é casamento que está descartável, são as pessoas que tendem a buscar nas relações sempre a paixão, sempre o inesperado, sempre a sedução do que não se alcança, quando o verdadeiro amor é calmo, paciente, transparente. Não provoca, mostra-se por inteiro.

    Como você disse, a relação verdadeira deixa de lado o egoísmo e enxerga o outro.

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  2. Obrigado pela participação!
    Uma informação me deixou muito curioso: "antes separada que solteira".

    Mulheres, por favor, compareçam e me ajudem a entender isso. É mesmo verdade, que vocês mulheres do novo milênio, pensam assim?

    Atenciosamente,

    RMG

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  3. Você citou Bauman para falar dos amores líquidos, há ainda um outro ponto que ele aborda com muita propriedade, o da sexualidade, que se aplica não só a esse, mas a outros posts do seu blog:

    "Das muitas tendências, inclinações e propensões naturais dos seres humanos, o desejo sexual foi e continua sendo a mais óbvia, indubitável e incontestavelmente social. Ele se estende na direção de outro ser humano, exige sua presença e se esforça para transformá-lo em união. Ele anseia por convívio. Torna qualquer ser humano - ainda que realizado e, sob todos os outros aspectos, auto-suficiente - incompleto e insatisfeito, a menos que esteja unido a um outro (BAUMAN, 2004, p.55)."

    Para que o amor, casamento, relacionamentos, enfim, sejam plenos e satisfatórios, é preciso que também a sexualidade seja vivida em sua plenitude.

    (Quanto à sua indagação, não me surpreende que não tenha tido respostas, apesar de aparentemente as mulheres serem a maioria de leitores do seu blog. Há coisas que se diz, sem assumir. Tente ouvir uma conversa franca só entre mulheres solteiras na faixa dos 30 anos... Quem sabe obterá a resposta que procura!)

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  4. Marina,

    Você foi absolutamente precisa. É isso mesmo! Às vezes a gente se precipita achando que o outro já saiba o que conhecemos. Muito importante o seu esclarecimento a respeito do pensamento de Bauman. Agradeço por isso!

    Quanto a minha indagação, parece que as meninas preferem não opinar...

    Volte mais vezes, inteligência é do que precisamos.

    RMG

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