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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Projeto proíbe pais de dar palmada nos filhos



13/07/2010 17:05

Governo enviará projeto que proíbe pais de dar palmada nos filhos

Proposta é semelhante a projeto de lei de 2006, que já foi aprovado em comissões e aguarda votação no plenário da Câmara. Governo defende penas de advertência e orientação psicológica para quem aplicar castigo físico.

Brizza Cavalcante

Seminário discute até amanhã os resultados e desafios dos 20 anos do ECA.O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - Lei 8.069/90) poderá sofrer mais uma alteração ao completar duas décadas. O governo federal prometeu encaminhar nesta quarta-feira (14) projeto de lei ao Legislativo que proíbe castigos corporais em crianças e adolescentes, como palmadas e beliscões.

Em seminário na Câmara sobre os 20 anos do ECA, celebrados neste dia 13 de julho, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, disse que a proposta pretende garantir que meninos e meninas cresçam livre de violência física e psicológica.

A sugestão do projeto de lei foi encaminhada ao governo pela Rede Não Bata, Eduque - formada por instituições e pessoas físicas. Pelo texto, "castigo corporal" passa a ser definido como "ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente".

Para os infratores, as penas são advertência, encaminhamento a programas de proteção à família e orientação psicológica. Será necessário o testemunho de terceiros - vizinhos, parentes, assistentes sociais - que atestem o castigo corporal e queiram delatar o infrator para o Conselho Tutelar.

Atualmente, o estatuto proíbe maus-tratos, mas não define quais são os casos. “Há necessidade de mais proteção para garantir a convivência familiar adequada e um ambiente saudável”, afirmou. Para Márcia Lopes, medidas que criam um padrão de relacionamento em relação à agressão física são importantes “para que a violência não comece em casa”.

Excesso

O deputado Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE) defendeu que a proposta seja discutida na Câmara, mesmo sendo polêmica. Na avaliação dele, há divergências se os castigos corporais são uma questão pública ou privada. “Temos que mostrar a partir de quando [o castigo] passa a ser um excesso e uma questão pública”, afirmou.

Em 2006, a Câmara aprovou, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 2654/03, da deputada Maria do Rosário (PT-RS), que proíbe qualquer forma de castigo físico em crianças e adolescentes. Como houve recurso para votação em plenário, o texto ainda aguarda discussão.

Maioridade penal

As propostas de redução da maioridade penal também foram tema de debate no seminário. O deputado Pedro Wilson (PT-GO) criticou os projetos que permitem condenação penal antes dos 18 anos.

A ministra Márcia Lopes também posicionou-se contra a redução. Segundo ela, o ECA foi resultado de muita discussão e estudos que mostraram que as crianças e os adolescentes precisam de proteção durante o desenvolvimento. “A redução da maioridade penal não diminui o problema da violência”, defendeu.

O seminário, realizado pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias e de Legislação Participativa, ocorre no auditório Nereu Ramos e termina nesta quarta-feira (14).


Continua:

Reportagem – Rachel Librelon
Edição – Daniella Cronemberger




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O positivismo ainda macula irremediavelmente a cultura jurídica nacional e parlamentares continuam a pretender enumerar taxativamente hipóteses determinadas sobre as quais incida a norma.

A mim, parece mais inteligente o que se contém na Constituição da República e no ECA, afinal o comando legal impõe - com absoluta clareza - que crianças e adolescentes sejam postas em segurança, longe do alcance de qualquer tipo de violência. Não há necessidade de se estabelecer taxativa e exaustivamente um rol.

Mas, a julgar pelas dimensões continentais desse país e a profunda diferença cultural que o assola, há que se perdoar esse excesso legislativo, o que não se perdôa é a posição do Deputado do Ceará que entende que há agressões de natureza privada e agressões que interessam à nação.

Seria possível legitimar qualquer tipo de agressão, especialmente, em relação a crianças e adolescentes?

Não seria o mesmo que corroborar com a posição do goleiro Bruno, quando em rede nacional, defendeu que "uns tapas entre casais" são normais e aceitáveis?

O pior é que estou seguro de que o Deputado acredita, de verdade, "que uma palmada na hora certa, seja de pedagogia exemplar". Que estupidez! Agredir e humulhar crianças ou adolescentes não educa ninguém e é crime. Não há pedagogia na violência.

De resto, espero e torço para que esses mesmos parlamentares esqueçam de vez, a possibilidade de redução da maioridade penal que, a meu ver, já é muito baixa. Não admito, por tudo o que li a respeito do tema, que alguém creia que uma criança, tratada como adulta, para fins de execução das políticas criminais, possa contribuir para coibir a criminalidade ou atingir a finalidade constitucional de se estabelecer políticas de reeducação e de reinserção desses joves infratores no seio da sociedade.

RMG

A propósito do tema, vale ler: 06/08/2010 13:37
Projeto que proíbe palmada gera discussão entre educadores e deputados

9 comentários:

  1. Roberto,

    Concordo com você. Crianças e adolescentes já são protegidos pelo ECA. O PL, aparentemente bem intencionado, é na verdade, desnecessário.
    Aliás, a quem interessa essa excessiva regulamentação e normatização de leis já existentes? Fiscalize-se o cumprimento da Constituição e da Lei, puna-se seu descumprimento, e não haverá necessidade de "invencionices".

    (Há outro PL, preconceituoso e mal escrito, verdadeiro amontoado de bobagens, que quer alterar o ECA e proibir a adoção de crianças por casais homossexuais: www.camara.gov.br/sileg/integras/747302.pdf )

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  2. Ah.. ia comentar justamente isso! Parlamentares chovendo no molhado e ganhando a atenção da mídia! Objetivo alcançado com sucesso... Por que se preocupar em aperfeiçoar os mecanismos de fiscalização da aplicação do ECA? Isso dá trabalho!

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  3. Será que estamos virando robôs? Será que o governo deve ditar como devemos falar, como devemos comer, como devemos educar nossos filhos... Isso tá virando ditadura, é o cúmulo do absurdo, sei que vão aparecer vários querendo dizer que é contra a violência e concordo pois também sou contra violência, pois nunca bati em filho meu, mas daí chegar o governo e querer impor já é demais, nem todos os filhos são iguais e nem todos podem ser criados da mesma forma, cada pessoa é única e cada cabeça é um mundo, cada indivíduo deve ser educado de acordo com suas particularidades e não apenas de uma forma igual para todos. Essa lei agride a liberdade de nós como cidadãos enquanto isso policiais matam inocentes e fica por isso mesmo, político rouba e dá em pizza, juiz desvia dinheiro e é “punido” com aposentadoria. Será que todos são cegos e não vêem que a nossa liberdade vai pelo ralo cada dia que passa?

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  4. Eu estava buscando informações e achei muito ilustrativo seu blog.

    Marcia

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  5. A propósito do comentário anônimo.

    Concordo que a excessiva intervenção do Estado na vida privada de seus cidadãos deva ser contida, assim como, acredito firmemente que deva aprofundar os mecanismos de proteção a esses mesmos cidadãos.

    Nesse sentido, impedir que pais humilhem, maltratem, agridam ou fomentem qualquer forma de violência em relação a seus filhos, é, ao meu ver, obrigação do Estado e garantia pétrea que conquistamos.

    Não por acaso, ao redigirmos nossa Carta Política de 1988, fizemos a inserção do artigo 227, que obriga o Estado, a sociedade e a família - concorrentemente - a impedir qualquer forma de violência que possa ser infligida às nossas crianças e adolescentes.

    Castigos físicos, portanto, estão inseridos no contexto do conceito de violência de que trata o preceito constitucional.

    Ensina o preceito cristão que pelo fruto se conhece a árvore. Assim o que se pode esperar de uma criança "educada" pela humilhação e pela agressão?

    Enfim, pedagogia que reside nos punhos, é a pedagogia do ódio, do rancor, da mágoa.

    Nossas crianças merecem mais!

    RMG

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  6. Ao postar, sei que abrirei várias divergências com quem apóia o não toque nos seus filhos. Mas como não sou, e nunca fui "Maria vai com as outras", vai meu modo de pensar!
    Eu acredito que em alguns casos, os filhos mereçam palmadas sim. Se a palmada resolver, tudo bem!Uma chinelada havaiana não faz mal pra ninguém!
    Agora se me perguntar se só isso vai funcionar, eu digo: Claro que não! Muitas vezes devemos sentar com nossos filhos e conversar e mostrar onde está o erro, mas infelizmente estes parlamentares que acham que devem se meter na autoridade que tenho dentro de casa, estão muito enganados! Se minha filha aprontar e merecer uma chinelada vai receber sim! Se precisar colocar de castigo dentro do quarto se tv e sem pc, escrevendo o que ela fez de errado num caderno, vai ter que fazer sim!
    Hj as crianças são criadas sem limites, e a criminalidade está maior e mais fora dos padrões de humanidade que jamais vimos...
    Professores não podem educar filhos, em que os pais sem compromissos não educam. olocam os professores contra a parede! Isso é hipocrisia!
    Pessoas sem moral, ladrões, sem padrões familiares, que acham certo e querem legalizar o aborto( que diga-se de passagem, somente 0,8% são de estupro; os 99,2% são de promiscuidade humana e de falta de uso de preservativos). Isso é ridículo!
    Veja bem a decadencia moral do planeta! Jovens de 17 anos não podem ir pra cadeia, mas engravidam meninas por aí, matam, estupram, participa dos maiores crimes e podem votar!!! E não tem idade pra cumprir pena??? Fala sério!!! Chego a me irritar de escrever tais comentários.
    Minha mãe criou 4 flhos. Quando precisou me bater, me bateu. Hoje vejo que nunca me fez mal algum, pois era uma correção e não espancamento como alguns podem querer citar.
    Nunca defenderei espancamento, bater sem limites, mas que uma havaiana bem dada, naquela hora certa, é um santo remédio isso é!!!
    Bom, espero que tenha sido abrangente e contribuido para este debate.
    Abraço a todos e usem suas próprias cabeças pra pensarem!

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  7. Caro anônimo,

    Antes de respondê-lo, gostaria de pedir aos interessados no tema ou em qualquer outro por aqui postado, que se idenficassem, mesmo que por pseudônimos, dado que postagens anônimas acabam por se confundir, dificultando a minha participação no diálogo e de outros interessados.

    Embora discordemos quanto a eficácia ou justiça da chamada "palmada pedagógica", concordamos em outros aspectos.

    Como você, também acho que a intervenção do Estado na vida privada dos cidadãos é exagerada e precisa ser contida, assim como concordo que vivemos uma era de permissividade absoluta em que pais e educadores têm dificuldades de impôr limites em nossas crianças e adolescente.

    A falta de valores éticos e morais é, ao meu ver, a grande vilã. Precisamos resgatar valores!

    Obrigado pela intervenção e espero que venham mais opiniões.

    RMG

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  8. Projeto proíbe pais de dar palmada nos filhos: Atualizado em 07/08/10.
    RMG

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