O propósito desse post é provocar quem entende do assunto. Por experiência profissional e um pouquinho de sensibilidade, há décadas, tenho observado que a culpa, geralmente experimentada por aquele que deflagra o processo de separação, é a grande vilã quando, por consenso, se tenta alinhavar os seus termos, cláusulas e condições.
Homens e mulheres agem e reagem diferentemente ao "peso" da culpa pela separação, pelo malogro de um projeto de vida.
Como dizem - acertadamente os orientais, a meu ver! - homem é como palha que se inflama e se consome mais rápido do que seria razoável esperar por algumas sinapses.
Mulheres, contrariamente, elaboram os sentimentos e, dificilmente, perdem essa queda-de-braços, até porque, sabem desde sempre que não precisam de força, tão valorizada no universo masculino, mas somente de paciência e inteligência (emocional, especialmente).
Costumo dizer que as mulheres, infinitamente mais maduras que os homens, elaboram e vivem o luto da separação, antes, muito antes mesmo de sua "oficialização".
Pois bem! A partir dessas imprecisas impressões pessoais, sabendo que há considerável número de psicólogos(as) e de mulheres que acompanham o blog, gostaria de colher as opiniões desse grupo privilegiado, capacitado a lançar luzes em tão delicado tema.
Alguém se habilita? (torço para que sim!)
RMG
Muito interessante esse seu post!
ResponderExcluirNunca havia refletido a respeito, e assim, num primeiro momento, deixo aqui minhas primeiras impressões.
Concordo com você que quem deixa experimenta sempre um sentimento de culpa. E creio que o homem tem um sentimento de culpa maior que a mulher porque geralmente ele é treinado para ser o provedor, o protetor. Portanto, lhe é mais difícil deixar, tanto que não é incomum que o homem provoque situações que leve a mulher a tomar a decisão da separação.
Acho que a culpa feminina, nesse caso, é maior em relação aos filhos, se houver. Em teoria, o homem poderá se virar bem sem ela.
Acho que essa questão da culpa leva muitos relacionamentos a se arrastarem por tempo maior que o necessário: "como ela vai viver sem mim?" "como meus filhos vão ficar sem o pai?"
E para ambos os sexos, acho que existe também sempre o sentimento de "será que fiz tudo o que podia?"
Gostaria que você comentasse também sobre a culpa do ponto de vista judicial, que tem um viés diferente desse do seu texto, mas também interessante (aliás, nem sei se ainda existe essa figura jurídica da "culpa" pela separação).
Obrigada por mais essa oportunidade para refletir, e talvez eu até volte para comentar mais a respeito, agora que seu texto me provocou.
Fico pensando, no caso de pais separados, se essa "culpa" nao vem por uma incapacidade de assumir responsabilidades antes, enquanto casados, compartidas. A presença física de ambos os progenitores na mesma casa nao daria a segurança (muitas vezes falsa) de papéis distintos na criaçao dos filhos? Talvez,ambos pai e mae, ao se depararem com a solidao no ato de criar seus filhos apos uma separaçao se sintam culpados por se sentirem incapazes, mesmo que inconscientemente de levar adiante uma tarefa inicialmente concebida para ser realizada em par. Isso me faz crer que a culpa acontece pela nao aceitaçao de nossas limitaçoes. Nao existe Pae ou Mai. Somos um ou outro. Devemos nos responsabilizar pelos nossos papeis e náo viver em funçao de preencher o vazio deixado pelo outro. Na minha opiniao, a ilusáo desse poder inatingível é que traz a culpa.
ResponderExcluirNão sei nao, acho que até nessas horas meulher tem dó de homem. Fica com pena de deixar o sujeito e quando v~e já está sendo traída.
ResponderExcluirMulher quando decise se separar separa logo, homem fica enrolando e arruma outra.
Caro xará,
ResponderExcluirsou separado e a coisa é bem assim como você escreveu.
Você foi muito feliz na escolha das palavras.
abço,
Roberto
Como estou chegando agora, tenho lido seus textos, dói ás vezes, pois lemos o que vivenciamos. Realmente vivemos um luto, muitas vezes necessário. A mulher se separa, independente de ter outro ou não, as mulheres dos tempos atuais não ficam num casamento, se não estão felizes. Na teoria isso fica fa´cil, não sei se é culpa, mas um sentimento de fracasso, com o tempo surge.
ResponderExcluirBoa tarde pessoal,
ResponderExcluirOntem mesmo, assistindo o filme "Comer Rezar e Amar" muito bem protagonizado por Julia Roberts, na pessoa de Liz, inspirado no livro bestseller; visualizei um processo de transformação, que nem mesmo eu, que estou atravessando uma separação que completa quatro meses, e durou dez anos, não fui capaz.
É a pratica de perdoar a sí mesma. Hoje sinto a culpa de não ter feito muitas coisas, de não ter cedido, de não ter investido, de ter brigado, de ter ficado mal humorada, etc. POrém, não podemos deixar de considerar que a culpa não é de um ou de outro, mas sim de ambos.
As vezes agimos conscientemente, mas não sabemos que o agir, nada mais é que reagir, a uma postura do outro. Ou seja, quando se chega a conclusão do que o melhor é o fim do relacionamento, é porque ambos já não tem o interesse de prosseguir, e não podemos acusar um ou outro de culpa, eis que ambos são ao mesmo tempo culpados e inocentes. Essa culpa pelo fracasso do relacinamento nos consome e nos mata. POr isso, temos que praticar o ato de perdoar a sí mesmo, e assim, perdoarmos o outro. Todos nós temos uma vida, e precisamos zelar pela harmonia e pela nossa paz interior.
Sugiro à todos, a praticar o ato de se perdoar pelos próprios fracassos.
Abraço à todos.